terça-feira, 3 de janeiro de 2012

2012


Hoje acordei feliz. O sol brilhava lá fora e a poucos metros o mar me esperava deliciosamente gelado. Caminhei pela manhã na extensão da praia apreciando detalhes que talvez só eu dê o devido valor. Sentia o sol aquecer a pele, o vento passar por entre o meu cabelo moicano e tentar desarrumar o que tentei manter arrumado com gel. Sentia a areia entre os dedos dos pés conforme eu ia andando e ouvia os sons característicos do mar, aquele som que embala, que acalenta e que desperta o desejo de se aprofundar nele. A minha volta, crianças corriam para o mar enquanto outras corriam do mar. Casais andavam de mãos dadas e amigos dividiam risadas provavelmente de casos ainda do ano novo. Ao meu lado, inerte a tudo isso, minha amiga me acompanhava e volta e meia parávamos para tirar uma foto ou outra de forma que sempre estávamos rindo dos resultados. Porém, por mais que eu estivesse de corpo e sorrisos ali, minha mente viajava paralelamente em pensamentos alheios que me fizeram sentar aqui agora e escrever.

Ultimamente meu lado introspectivo tem estado na superfície e fazendo-me colocar os neurônios a todo vapor para poder talvez deixar enterrado no extinto 2011 os medos, metas e ideais falhos do ano.

No ano em que eu pude ser de tudo um pouco vejo que eu não fui nada do que eu planejava no início do ano e isso é positivamente bom.

Em 2011 eu fui o amor de alguém, e por covardia fui também o destruidor de corações. Fui o amigo fiel e fui o escudeiro inveterado. Fui pai e como amei fazê-lo. Fui sonhador e o canal de sonhos de muitos. Fui irmão e não só para meus infinitos irmãos de sangue, mas para meus irmãos de coração que se precisasse citar nomes aqui eu faria de todo o coração. Fui o egoísta, que deixei de viver minhas dores para compartilhar de suas dores. Fui calouro e me deliciei tanto com isso. Tive inúmeras profissões e me dediquei a todas elas com afinco. Fui o palhaço Gozo que levou alegria pra inúmeros corações e pode ter de retorno aprendizados de vida incríveis que me fizeram esta pessoa que muitos amam ou que alguns detestam. Fui a criança que com olhos do gatinho do Shrek pediu um afago na cabeça e pra retribuir deu uma cambalhota pra tentar chamar a atenção. E diante de tanta personalidade perdida dentro de mim, vejo que não são faces perdidas e desconexas e sim partes de um todo que eu consegui ter e manter para ser quem alguém sempre precisou.

E diante de tanta coisa vivida, tantas histórias pra contar me vêm um ano diferente. Algo que está predestinado a ser quem sabe perfeito. Algo que está predestinado a quem sabe ser uma bagunça. Uma bagunça de ideais, sonhos, desejos, momentos e possíveis realizações eu me pergunto: o que espero de 2012?

E a resposta mais correta e sensata é que eu não espero nada. Pela primeira vez em longos 24 anos eu inicio um ano sem metas, sem perspectivas, porque prefiro não tê-las do que me frustrar. Ideais, sonhos, estes eu levo comigo, mas não tenho pressa de realiza-los, não colocarei prazos para o que eu não sei se realizarei. Pretendo viver 2012 como tenho vivido esses primeiros dias aqui na praia: aspirando cada detalhe dos momentos e transformando eles inesquecíveis dentro de mim, porque no final serão somente eles que eu terei.

2 comentários:

  1. esse post só me fez pensar o quanto vc é lindo... de verdade... é uma beleza que emana de dentro de vc, que conquista, que seduz, que apaixona.
    que 2012 seja um bom ano pra vc, pessoas como vc, merecem bons anos.

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  2. palavras dignas de um livro inteirinho de romance leitura solta e envolvente,gostei

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