segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Consequências...


Já era tarde e eu ainda não tinha saído de casa. Tanto eu como o Renato precisávamos entregar aquele trabalho na próxima aula, ou ficaríamos em dependência na matéria de Anatomia Humana. Terminei voando o meu banho e subi no seu apartamento. Eu morava no 4° andar. Ele no 8°.

Apertei a campainha do seu apartamento e nada. Apertei de novo e nada. Liguei no seu celular:

- Hey, onde você está?

- No elevador, perdi o ônibus, desculpa.

Ele chega, me dá um abraço, abre a porta.

- Will, fica a vontade, eu vou tomar um banho e pegar minhas coisas para começarmos e você pode ficar ai na sala. Se quiser, pega refrigerante na geladeira ou alguma outra bebida no bar.

- Ook.

Ele trouxe o seu material, deixou sobre a bancada da cozinha e foi tomar banho.

Como de costume, ele tomava seu banho de porta aberta. Confesso que me deu aquela vontade intima de ir lá e vê-lo tomar banho como costumava fazer. Mas eu sabia que quebrar uma regra acarretaria em quebrar todas as outras que eu mesmo impus.

Ele saiu do banho, e veio para a sala apenas de cueca. Tudo bem que era um costume nosso depois de 4 meses de namoro andarmos somente de cueca na frente um do outro, mas naquele dia eu tava com a mente possuída.

Passado uns 40 minutos envoltos no trabalho, eu digitava um texto um tanto longo no notebook quando noto que ele não tirava os olhos de mim.

- Que foi? – perguntei a ele

- Nada, só to te olhando, não posso?

- Pare, ‘ce sabe que eu fico sem jeito.

- Posso te dizer uma coisa?

- Diga!

- Eu te amo.

Suspirei. Eu não tinha resposta para aquilo ainda. Terminei o relacionamento de 4 meses justamente por apenas gostar dele. E ele me amar. Demais.

Dei um sorriso pra ele e voltei a digitar meu trabalho. Mas notei que volta e meia ele ainda me olhava.

- Renato, é sério, eu to carente pra caramba e tu fica me lançando esse olhar de cachorro de padaria, não faz assim, é serio.

- Eu faço sim, eu quero você, e sei quais são seus pontos fracos.

- Ah, obrigado, me senti a pessoa mais fácil do mundo agora.

Ele riu. Um sorriso bonito, franco, que eu muito admirava.

- O que eu preciso fazer para te ter de novo? – ele me interrompeu novamente

- Não precisa fazer nada. Você já me tem. - respondi

- Tenho?

- Sim, sou seu amigo, companheiro de faculdade, moramos no mesmo prédio, fazemos academia juntos...

Ele colocou o indicador em minha boca, como se pedindo silêncio.

- Sinto sua falta! – ele disse – Posso te ter de todas essas formas, mas não te tenho da forma que eu quero e preciso.

- Não faz isso comigo, é serio. Eu não te amo e você sabe disso. Ficar com você é fazer você sofrer e você não merece.

- E se eu quiser sofrer?

- Pare de ser masoquista. Eu vou embora. – Fechei meu notebook, recolhi minhas coisas.

- Fique só mais um pouquinho – ele pediu – toma um vinho comigo.

Sorri.

- Ta bem, eu fico.

Ele foi na cozinha pegar o vinho e fiquei admirando ele. Ele era bonito, seu corpo era incrível. Ele tinha um carisma que era único. Mas ficar com ele de novo era fazê-lo sofrer.

Ele voltou com duas taças de vinho. Sentamos no sofá, de pernas cruzadas, de forma que acabamos ficando um bem próximo ao outro. Frente a frente.

- Posso te dizer uma coisa, que eu decorei quando estávamos namorando e ate hoje não tive coragem de dizer?

- Claro que você pode. Você pode quase tudo.

Ele sorriu, e começou:

- “Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e a dos anjos, mas não tivesse amor por você, eu seria como um bronze que soa ou um sino que retine. Bonito, mas vazio. Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas não tivesse você, eu não seria nada. Se eu gastasse todos meus bens para sustento dos pobres, se entregasse meu corpo às chamas, mas não tivesse você, isso de nada me serviria. O amor é paciente, é benigno, não é invejoso, não é vaidoso, não se ensorbece, não faz nada de inconveniente, não é interesseiro, não se encoleriza, não guarda rancor, não se alegra com a iniqüidade, mas se regojiza com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. O meu amor por você nunca acabará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecera, mas nunca o meu amor. Agora nos vemos num espelho, confusamente, mas então estamos face a face. Minha vida era imperfeita ate conhecer você. Hoje sigo com três coisas aqui dentro – e apontou para o coração – fé, esperança e meu amor por você. Mas o maior é o meu amor por você.”

Seguiu-se um silêncio em que ele apenas me olhava. Eu não tinha reação. Dos seus olhos brotaram lagrimas que não demoraram a cair. Eu as sequei com minha mão.

- É lindo – eu disse, por fim – Obrigado, não acho que eu mereça tanto.

- Você merece muito mais.

- Vem cá, me dê um abraço!

Nos abraçamos e acabamos caindo deitados no sofá. Ficamos ali alguns minutos.

- Hey, o que isso cutucando minha coxa? – perguntei

- Reação a você, desculpa.

Ele levantou a cabeça e me olhou. Ficamos nos olhando, deixando o silencio preencher qualquer palavra que precisava ser dita. Então eu o beijei.

Joguei para o ar regras, medos, metas. Eu podia lidar com isso depois. Mas só depois.

5 comentários:

  1. ai, gente, ama esse menino!
    faz esse esforço
    pq não?

    e se vc for dizer q a gente não manda no coração, a gente manda sim, vc pode não estar apaixonado por ele, mas amor é uma decisão... vc precisar querer ama-lo e aí vai...

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  3. o amor é a prerrogativa da juventude.História bonita

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